Como muitos
imigrantes nos EUA, os brasileiros comumente vivem entre dois mundos: o
privado, em que falam português e no qual tentam preservar alguma identidade
cultural, e o público, em inglês. Dessa
forma, muitas famílias preocupam-se com a habilidade de seus filhos em
manipular a língua portuguesa, sejam eles nascidos no Brasil ou não. É uma
questão de identidade, de preservação dos laços familiares e de oportunidades
futuras.
Nós, pesquisadores, chamamos de Língua de Herança essa língua que circula com restrições,
limitada a um grupo social ou ao ambiente familiar, e que convive com outra
língua predominante que circula socialmente em mídias e instituições.
É muito
comum os “falantes de
herança” aprenderem o vocabulário utilizado no ambiente
familiar e, quando não recebem instrução formal, delimitarem-se apenas ao
conhecimento desse registro oral. Para desenvolver a capacidade oral e escrita
em vários registros linguísticos diferentes, incorporando traços de uma
variante linguística de prestígio, é preciso receber instrução.
Geralmente,
após iniciar a imersão escolar em inglês observamos uma mudança na língua
dominante de nossos filhos. A língua maternal, no nosso caso o português
variante brasileira, passa a ser menos utilizada e torna-se a “língua fraca”.
Essa situação se acelera quando os pais acreditam que falando inglês com seus
filhos, ajudarão no bom desempenho deles na escola. É importante sabermos que nas
pesquisas realizadas aqui nos EUA, essa crença parece não se mostrar
verdadeira: o fato de os pais falarem inglês com seus filhos não garante que
eles tenham melhor desempenho escolar, no entanto isso contribui para que
nossos filhos percam sua língua de herança.
Os
estudos indicam que é melhor que os pais mantenham a língua materna, pois como
eles a conhecem melhor (geralmente possuem habilidade linguística de nativos),
podem proporcionar um contato mais rico e mais elaborado com essa língua que
dominam. Preservar a língua do mundo familiar é uma questão de identidade, mas
também de criar oportunidades para as crianças continuarem o desenvolvimento
cognitivo e emocional (autoestima) em sua língua de herança.
Viver
entre dois mundos linguísticos requer cuidados, mas é importante lembrarmos que
uma língua não é uma disciplina escolar, é um objeto cultural que faz
comunicar, criar intercâmbios. Aproveitemos as oportunidades para enriquecer o
contato com o português em nosso mundo familiar ao utilizá-lo em sua função
concreta de estabelecer relações: escrever um bilhete, ler um jornal, comentar
um programa de televisão, etc.
De
forma criativa e alegre, vamos procurar oferecer textos de vários contextos e
registros e utilizá-los para conversas e brincadeiras com nossos filhos?
http://gazetanews.com/colunas/entre-dois-mundos-nosso-idioma/
http://gazetanews.com/colunas/entre-dois-mundos-nosso-idioma/
Ôe!ôêe!!Bom dia pessoas de pouca fé!
ResponderExcluirOi Ivian! Fui seu aluno no cursinho da Poli em 2005 (parece distante escrevendo agora), esse ano de 2005 mudou muito minha vida. Talvez um dia te explico melhor.Você foi uma ótima professora na minha formação, lembro muito de seus conselhos e de suas frases.Passei no Mack e estudei lá durante um tempo. Hoje estou na USP, terceiro ano de Artes Plásticas, sua aula sobre vanguarda me ajudou a passar na prova. Fiquei feliz em te 'encontrar' aqui. Eu pretendo falar inglês de forma fluente e ir morar fora. Vou tentar ler seu blog sempre que der. Um abraço forte, um OBRIGADO maior ainda.