(Este texto foi publicado pelo jornal Gazeta Brazilian News no dia 09 de dezembro de 2011)
Um
dia, uma professora inexperiente, porém inquieta por atiçar a fagulha do prazer
de ler em seus alunos, comprou uma mala. Nela, colocou os livros de poemas que
mais gostava de ler e partiu para a sala de aula. Lá chegando disse: - Aqui
compartilho aqueles que eu leio por prazer. Desafio encontrarem pelo menos um
poema de que gostem e queiram compartilhar também.
O que
aconteceu, não sabia explicar, mas naquele dia os alunos abriram os livros
curiosos. Uns conversavam sobre o que liam, outros procuravam em silêncio, mas
todos, sem exceção, liam poemas.
Esta
crônica representa uma ideia simples, poderosa e que todo mundo sabe: ler é
bom. Porém, o que é novo na atitude da inquieta professora é que muitas vezes,
nós, pais e professores, geralmente falamos sobre como ler é bom, mas quantas
vezes oferecemos um livro interessante para que nossos filhos e alunos leiam
por prazer, livremente?
Nas últimas décadas, há muitas pesquisas que comprovam
as vantagens da leitura livre para o desenvolvimento das habilidades de ler e
escrever, da manipulação da gramática e do vocabulário, como também para todas
as tarefas que exigem interpretação. Essas vantagens são percebidas na
aprendizagem da língua materna ou de uma segunda língua, em crianças e em
adultos, quando passam a ler livros livremente, por prazer.
As pesquisas também mostram que é desnecessário dizer
para crianças e jovens que ler é bom, a massiva maioria concorda e, criadas as
circunstâncias, eles lerão. A tarefa que nos cabe então é criar a circunstância
(que se tornará um círculo vicioso): dar acesso a livros interessantes e deixar
que leiam fará com que queiram ler mais.
Agora, pensemos o quanto isso pode ser vantajoso no
ensino da língua de herança para nossos filhos e alunos. No entanto, aqui, a
questão do acesso torna-se ainda mais problemática e desafiadora para p ais e professores.
Além de comprar livros em todas as viagens ao Brasil,
uma solução que encontrei para alimentar minha pequena biblioteca em língua
portuguesa são as visitas de parentes. Sempre que um parente que vive no Brasil
me pergunta qual presente dar a meus filhos eu respondo: literatura infantil
(de qualquer país), mas em língua portuguesa.
Mas também poderíamos encarar o desafio do acesso
coletivamente, como uma comunidade. Primeiro, criar formas de fomentar as
bibliotecas das escolas que nossos filhos frequentam com livros em nosso
idioma; segundo, criar bibliotecas comunitárias em língua portuguesa, que podem,
inclusive, ser móveis e viajarem por aí, como se fossem gigantescas malas de
livros.
Ler é bom porque as palavras precisam ser preenchidas
por nossa imaginação. Ler é bom porque é prazeroso envolver nossas sensações em
um outro ser e estar que não tem os limites da nossa realidade. Vamos fazer
nossas malas?
· Se
você quiser ler uma pesquisa sobre a leitura livre:
Stephen D. Krashen. The Power of Reading: Insights from the research. USA: Libraries
Unlimited.
· Podemos
também utilizar os novos suportes (computadores, tabletes e telefones) para
oferecer bons livros para nossos pequenos leitores. Confira:
Olá Ivian, que bom te encontrar, mesmo à distância. Como sempre você continua preocupada em nos enriquecer com o seu conhecimento, só tenho a agradecer, pois este blog está muito legal. Tenho certeza que vai me ajudar muito com os jovens da Fundação CASA. Obrigada por fazer parte da minha relação com a língua portuguesa! Você me ensinou demais no Cursinho da Poli (1998/ 1999) e depois ainda mais na Faculdade em 2006(?). Beijos.
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